sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Energia escura

A maior parte dos modelos que tentam explicar a origem e a evolução do universo hoje parecem concordar que a energia escura é o principal componente da somatória da matéria e energia do cosmo, os tais 73% da conta universal que faltavam. Daí a saber exatamente o que é essa força, no entanto, vai uma grande distância.

A existência dessa energia misteriosa ganhou status mais ou menos seguro em 1999, quando observações de galáxias confirmaram que o universo não apenas está se expandindo, como aparentemente o faz desde o Big Bang, mas também está acelerando sua expansão - "em um ritmo praticamente constante", diz o físico Paul Steinhardt, da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos.

"Ela pode ser considerada tanto como um novo aspecto da gravitação, uma gravidade repulsiva, quanto um novo tipo de matéria-energia. Ainda é cedo para uma decisão", afirma Laerte Sodré Júnior. "O efeito dela não é uma nova força. É apenas gravidade", diz Steinhardt. De qualquer maneira, alguma característica especial da energia escura faz com que ela vire o papel típico da gravidade (fazer com que as coisas atraiam umas às outras) de ponta-cabeça, de forma que ela se manifeste inesperadamente como repulsão - o que propele a expansão do universo, lançando as grandes estruturas, como galáxias e aglomerados de galáxias, umas para longe das outras.

A possibilidade de que a gravidade se comportasse desse jeito maluco já tinha sido prevista em trabalhos de Albert Einsten de 1917. Como o célebre físico alemão acreditava que o universo tinha de ser finito e estático, ele criou a chamada constante cosmológica, uma força que contrabalançava a gravidade e impedia que planetas, estrelas e galáxias grudassem uns nos outros.

Hoje, no entanto, muitos pesquisadores acreditam que a energia escura não deve ter agido durante toda a história do nosso cosmo, já que ela teria impedido a formação de estruturas aglomerada e complexas no passado remoto. Falta, é claro, provar essa teoria. Se for descoberto que a ação da energia escura muda ao longo do tempo, pode ser que ela não conduza o universo a uma expansão sem fim. 

Agora, cientistas conseguiram mais uma forte prova da existência desses componentes. Um grupo de astrônomos liderados por Tim Schrabback, do Leiden Observatory, conduziu um estudo com mais de 446 mil galáxias. Todas elas estavam dentro do campo de visão do Cosmological Evolution Survey (COSMOS), a maior pesquisa já feita pelo Hubble.

Considerada uma das mais precisas amostras da diversidade do Universo, a COSMOS fotografou 575 visões ligeiramente sobrepostas da mesma parte espaço e criou como que uma reconstrução em 3D da área. Além dos dados do Hubble, os pesquisadores usaram observações em terra para estabelecer as distâncias entre 194 mil galáxias. Na nova análise, os astrônomos “pesaram” a distribuição de matéria no espaço. Todos esses números possibilitaram cálculos detalhados que confirmaram: o universo é acelerado por um componente adicional, misterioso – ou seja, a energia escura. 

NASA/ESA/P. Simon (University of Bonn)/T. Schrabback (Leiden Observatory)
No mapa feito durante o estudo, as estruturas em branco, ciano 
e verde estão mais próximas do que as em laranja e vermelho. 





Fonte: Revista Superinteressante


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