terça-feira, 5 de abril de 2011

Ambiente Sustentável



A cena na foto não causaria espanto, não fosse por um detalhe: ela deve se passar no deserto da Arábia dentro de 4 anos. A criação de um paraíso tropical em meio a um cenário árido está sendo executada pelo escritório americano de arquitetura Klingmann, um gigante do ramo que agrega também a função de consultoria de marca. Planejado para começar a funcionar em 2015, o resort Khawr Awqad, como foi batizado, pode virar realidade graças a uma ilha de umidade no deserto arábico: a cidade de Salalah, uma das maiores de Omã, país situado na extremidade oriental da Península Arábica. Constituída de uma planício entre o paredão das montanhas Al-Hajar e o Mar Arábico, a região é beneficiada com o vento úmido marinho.


O escritório Klingmann divulga o projeto como "um destino único com foco na educação, no ecoturismo e na vida sustentável" que contribuirá para a preservação da vida natural da região. O empreendimento prevê a criação de terraços, a reprodução em larga escala de espécies vegetais nativas e tropicais e a drenagem da água do mar. As instalações incluem um parque ecológico, uma área residencial e um resort de luxo. Um verdadeiro oásis artificial. O projeto foi encomendado pelo governo de Omã e pela empresa Global Omani Development & Investiment. A empresa responsável pelo projeto garante que o meio ambiente local não sofrerá impactos negativos. A água já está lá, irão apenas limpá-la e redesenhar seu curso em alguns pontos, para realçar a beleza. A vegetação do local, que é escassa em algumas áreas, receberá cuidados intensivos para gerar jardins exuberantes.

Mas por trás do clima de paz e harmonia que o projeto ostenta pode estar a semente da instabilidade. Jo´se marengo, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, ressalta que nenhuma alteração na natureza está livre de consequências, pois toda mudança gera impacto no ecossistema. Um oásis natural surge naturalmente, mas apenas por um período de tempo e depois desaparece, se esse processo é interferido, a lagoa deixa de ser natural e tudo que é retirado da natureza é reposto por ela em algum momento. 

Os arquitetos da Klingmann não são os únicos a projetar um oásis no deserto. Ainda em fase de experimentação, o Sahara Forest Project pretende usar tecnologias simples para desenvolver regiões de mata em desertos dos EUA e de Omã. A idéia é usar energia solar para abastecer estufas e dessalinizar a água, gerando alimentos, biocombustível e minerais. Tudo parece maravilhoso, mas Marengo relembra alguns obstáculos para o resultado dar certo, do ponto de vista da engenhraria é perfeitamente possível, mas esse tipo de empreendimento ainda é caríssimo e só os países árabes podem bancar, além do alcance do impacto positivo também ser questionável. A construção e manutenção dessas áreas verdes não vão resolver o problema da desertificação. O máximo que pode acontecer é uma melhora no microclima da região. Mas a aridez é um fenômeno climático que depende de inúmeros fatores.

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