sábado, 13 de outubro de 2012

Modernidade Líquida

Esses dias li um texto que mencionava um trecho da famosa poesia de Carlos Drummond de Andrade: "João amava Teresa que amava Raimundo, que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém." Isso me fez lembrar algo que ouvi recentemente, que amor não se escolhe. Discordo. Não podemos escolher por quem nos apaixonamos, mas podemos escolher quem amar. 

Paixão e amor são coisas totalmente distintas. Paixão é imediata, quando você menos percebe já está totalmente rendido. Amor independe de química e não vem da noite para o dia, é uma construção diária. Mas para que isso aconteça a pessoa precisa se permitir. Você pode saber tudo sobre alguém, conviver todos os dias com aquela pessoa, mas de nada adianta se não estiver com o coração aberto disposto a receber o que essa tem a lhe oferecer. 

Construímos muralhas ao nosso redor porque achamos que isso vai nos proteger, mantêr os inimigos longe, nos isentar de sofrimento, mas esquecemos que essa muralha vai afastar os bons e ruins e muitas vezes o inimigo está dentro de nós mesmos. Difícil essa coisa de separar as pessoas em boas e ruins. Fazemos isso baseado no nosso julgamento que na maioria das vezes é totalmente distorcido. Se alguém lhe fez algum mal, é ruim. Se lhe faz bem, é porque é bom. Sem considerar o fato de que aquela pessoa que lhe fez mal, talvez tenha sido responsável pelo seu maior aprendizado, logo, isso é muito bom. 

O fato é que vejo essa modernidade líquida escorrendo pelo ralo. As relações se tornaram superficiais, as pessoas procuram felicidade imediata. Não se tem mais paciência para as grandes construções. Somos consumidos por nossas próprias invenções que só nos roubam tempo. É como diria Lulu Santos: O tempo voa, escorre pelas mãos. Mesmo sem se sentir, não há tempo que volte. Vamos viver tudo o que há pra viver. VAMOS NOS PERMITIR. Portanto, arrisque, AME MUITO, peque por excesso e nunca por falta, se PERMITA ser amado, se JOGUE para a vida. O máximo que vai acontecer é errar o caminho e ter que começar tudo de novo. Mas a vantagem de começar do zero é que podemos fazer tudo de um jeito diferente.

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