segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Florescer da meditação

A meditação não é um método oriental; não é simplesmente uma técnica. Você não pode aprendê-la com descrições, mas somente praticando. Ela é um crescimento do seu viver total, resultante da sua busca do viver integrado.

A meditação não é algo que possa ser adicionado a você da maneira como você está. Ela não pode ser adicionada a você. Ela apenas pode vir até você através de uma transformação básica, pura mutação.

É um florescimento, um crescimento. Que é sempre do total, não uma adição. Assim como o amor, ele não pode ser adicionado a você. Ele cresce a partir de você, a partir da sua totalidade. Você tem que se permitir crescer em direção à meditação.

O silêncio geralmente é tomado como algo negativo, algo vazio, uma ausência de som, de ruídos. Esse mal entendido prevalece porque poucas pessoas já experimentaram o silêncio.

Tudo o que elas experimentaram em nome do silêncio é uma ausência de barulho. Mas o silêncio é um fenômeno totalmente diferente. É inteiramente positivo. É existencial, não vazio.

É um transbordamento, com uma música que você nunca ouviu antes, uma fragrância que não lhe é familiar, com uma luz que apenas pode ser vista pelos olhos internos. Não é algo fictício, mas uma realidade, aquela que já está presente em cada um de nós; apenas nunca olhamos para dentro.

Seu mundo interior tem seu próprio sabor, fragrância e luz. Ele é totalmente, imensamente e eternamente silencioso. Nunca houve qualquer ruído e nunca haverá. Nenhuma palavra pode chegar até lá, apenas você.

O verdadeiro centro de seu ser é o centro de um ciclone. O que quer que aconteça ao redor não o afeta. É um eterno silêncio: os dias passam, os anos e as épocas. Vidas passam, mas o eterno silêncio de seu ser permanece exatamente o mesmo - a mesma música silenciosa, a mesma fragrância do divino, a mesma transcendência de tudo o que é mortal, de tudo o que é momentâneo.

Não é seu silêncio. Você é silêncio. Não é algo que você possua; você está possuído por ele, e esta é a grandiosidade dele. Até você não está presente, porque até mesmo sua presença será um distúrbio. O silêncio é tão profundo, que não há ninguém, nem mesmo você. E este silêncio traz verdade, amor e milhares de outras bênçãos até você.

Crescendo em Sensibilidade
A meditação lhe trará sensibilidade, uma profunda sensação de pertencer ao mundo. É o nosso mundo - as estrelas são nossas e não somos estrangeiros aqui. Pertencemos intrinsecamente à existência. Somos parte dela, somos o seu coração.

Você se torna tão sensível que mesmo a menor folhinha de grama adquire uma imensa importância para você. Sua sensibilidade deixa claro a você que essa folhinha de grama é tão importante para a existência como a maior estrela.

Essa folhinha é única, insubstituível, tem sua individualidade própria. E essa sensibilidade criará novas amizades para você - com árvores, pássaros, animais, montanhas, rios, oceanos, estrelas e até com você mesmo. A vida se enriquece à medida que o amor cresce, que a amizade cresce.

Amor, a Fragrância da Meditação
Se você medita, mais cedo ou mais tarde você encontra o amor. Se você meditar profundamente, mais cedo ou mais tarde você começará a sentir um amor extraordinário surgindo em você, como você jamais conheceu. Uma nova qualidade em seu ser, uma nova porta se abrindo. Você tornou-se uma chama nova, e que agora deseja compartilhar com o mundo.

Se você amar profundamente, pouco a pouco você se conscientizará de que seu amor está se tornando cada vez mais e mais meditativo. Uma qualidade sutil do silêncio o está penetrando. Pensamentos estão desaparecendo, lacunas estão aparecendo. Silêncios! Você está tocando nas suas próprias profundezas.

O amor torna-o meditativo, se ele estiver na direção certa. A meditação torna-o amoroso, se ela estiver na direção certa. Você quer um amor nascido da meditação, não nascido da mente. Esse é o amor sobre o qual continuamente falo. Milhões de casais, por todo o mundo, estão vivendo como se o amor estivesse presente. Eles estão vivendo num mundo de "como se". Logicamente, como podem estar contentes?

Estão esvaziados de toda a energia. Estão tentando conseguir algo de um amor falso; ele não pode cumprir o prometido. Daí a frustração, o tédio sem fim, as reclamações constantes, as lutas e competições entre os amantes.

Ambos estão tentando fazer algo impossível: tornar seu caso de amor em algo eterno, uma utopia. Ele surgiu da mente, a qual não pode lhe dar sequer um vislumbre do eterno.

Primeiramente, entre na meditação, porque o amor resultará da meditação - o aroma essencial da meditação. A meditação é a flor, o lótus de mil e uma pétalas. Deixe-o abrir-se. Ajudá-lo a se mover na dimensão da verticalidade, da não-mente, do não-tempo.

Então, subitamente você verá que a fragrância está presente. Ela é eterna e incondicional. Então não é nem mesmo dirigida a alguém em particular. Não é um relacionamento, é mais uma qualidade que o circunda. Nada tem a ver com o outro. Você é amoroso, você é amor, então é eterno. É a sua fragrância.

Esse aroma sempre esteve em volta de um Buda, de um Zarathustra, de um Jesus. É um tipo totalmente diferente de amor, é qualitativamente diferente.

Buda definiu compaixão como "amor mais meditação". Quando o seu amor não é apenas um desejo pelo outro, não é apenas uma necessidade. Quando é um compartilhar.

Quando seu amor não é o de um mendigo, mas o de um imperador, que não está pedindo alguma coisa em troca, mas está pronto para apenas transbordar. Sem direcionar, mas pelo simples fato de estar pleno, preenchido de auto-amor.

Então, acrescente a meditação a ele e a fragrância pura será liberada, o esplendor aprisionado será liberado.

Isto é compaixão, um fenômeno de amor espontâneo, transbordante. O seu óleo essencial sendo sublimado por todo lugar que passa.

O sexo é animal, o amor é humano, a Compaixão é Divina.

O sexo é físico, o amor é psicológico e a Compaixão é Espiritual.

Portanto, a felicidade de viver em Compaixão é uma conquista Espiritual.

Absolutamente sem razão alguma. Você subitamente se sente feliz. Na vida comum, ficar feliz exige motivos. Mas essas felicidades não podem durar. São momentâneas, não permanecem. Se a sua alegria é causada por algo, ela desaparecerá. Breve você voltará a ficar triste, ansioso. Todas as alegrias o deixam em profunda tristeza.

Mas existe um tipo diferente de alegria. Subitamente você está feliz, sem razão alguma. Você não sabe responder o porquê. Eu não posso responder porque estou feliz. Não existe uma razão. É simplesmente um fato, uma comprovação. Esta felicidade não pode ser perturbada. Agora, o que quer que aconteça, ela continua. Ela está presente, dia-a-dia. As circunstâncias mudam, mas ela permanece, então, certamente, você está chegando mais perto do Estado de Buda. A felicidade é uma conquista espiritual.

OSHO do livro Meditação - A primeira e última liberdade - Ed. Shanti

domingo, 18 de outubro de 2009

Tradutor Mágico

Imagine um tradutor mágico, que convertesse as palavras antes mesmo de elas saírem da sua boca: você falaria em português, mas sua voz sairia em chinês, russo ou qualquer outro idioma. É exatamente isso que um grupo de cientistas da Universidade Carnegie Mellon (EUA) acaba de criar: o primeiro tradutor realmente instantâneo. É um grande avanço. Com os tradutores atuais, você precisa ditar em voz alta as frases para um computador, que só então faz a tradução. Aí, quando o seu interlocutor vai responder, tem de fazer a mesma coisa. Fica difícil conversar assim – é uma barulheira só. Já com o sistema novo dá para falar normalmente. Ou melhor: você não fala. Só mexe a boca, pronunciando as palavras sem fazer som, e será dublado, em tempo real, por uma voz sintetizada. O aparelho faz isso medindo a eletricidade que passa pelos seus músculos quando você articula a fala. “São 6 eletrodos, conectados ao rosto do usuário. Nos testes, já conseguimos 80% de precisão”, conta a pesquisadora Tanja Schultz, inventora do protótipo.

Mas como o tradutor da Carnegie consegue fazer isso? Afinal, cada pessoa tem um rosto diferente, e ao falar usa os músculos de maneira distinta. Então você precisa treinar o aparelho antes de usá-lo. Mas ensinar a máquina palavra por palavra seria impossível (o português, por exemplo, tem cerca de 360 mil verbetes). Para driblar isso, Schultz e sua equipe vieram com uma sacada: em vez de associar os movimentos da sua boca a palavras, o computador só interpreta os fonemas - as unidades sonoras que as formam. Aí é infinitamente mais fácil - o português, por exemplo, tem só 27 fonemas.

O protótipo já entende inglês, alemão, chinês e espanhol, mas, segundo seus criadores, a tecnologia vai levar “pelo menos mais 10 anos” para ficar afiada a ponto de virar um produto comercial. E seria um produto com outros apelos além da tradução instantânea: “Você poderia, por exemplo, falar ao celular sem emitir som, mantendo a sua privacidade mesmo em lugares públicos”, imagina Schultz. Isso, claro, se tiver coragem de sair na rua com uma maçaroca de fios grudados ao rosto. “Um dos nossos desafios é criar eletrodos menores, sem fios e mais inteligentes, que possam interpretar várias situações - para que o computador não se confunda, por exemplo, se você sorrir enquanto fala.”

Fonte: Revista Super Interessante

Os 100 mais famosos riffs do Rock

Pra quem não sabe riff é uma progressão de acordes, intervalos ou notas musicais, que são repetidas no contexto de uma música, formando a base ou acompanhamento. Riffs geralmente formam a base harmônica de músicas de jazz, blues e rock e são na maioria das vezes frases compostas para guitarra mas podemos encontrar músicas com riffs compostos para outros instrumentos, como baixo, piano, teclados, órgão, etc. Basicamente qualquer instrumento pode tocar um riff.

Entre alguns riffs famosos do rock, podemos citar Iron Man do Black Sabbath, Whole Lotta Love do Led Zeppelin, Smoke on the Water da banda Deep Purple, Sunshine of Your Love da banda Cream, Sweet Child O' Mine do Guns N' Roses e Back in Black da banda AC/DC, Rock And Roll All Nite do Kiss, You Give Love a Bad Name do Bon Jovi, Smells Like Teen Spirit do Nirvana, Check My Brain do Alice in Chains entre muitos outros.

Alguns músicos são particularmente conhecidos por seus riffs marcantes e empolgantes como Chuck Berry, Malcolm Young, Keith Richards e Tony Iommi. Os proprios Rolling Stones ja confessaram que "copiaram" ou têm por referência forte os riffs de Berry.

Veja no vídeo abaixo os cem mais famosos riffs do rock e confira a lista completa no site http://www.brodiecumming.com

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Cidade mais fria do mundo

Essa reportagem foi escrita por Shaun Walker para o jornal britânico THE INDEPENDENT



Yakutsk, a cidade mais fria do mundo, a 5ºC negativos o frio é refrescante, a 20ºC negativos a umidade no nariz congela e é impossível não tossir, a 35ºC negativos a pele exposta ao ar fica dormente e a necrose é um risco e a menos 45ºC até usar óculos fica complicado. O metal gruda no rosto e na orelhas e rasga pedaços da pele quando você decide tirá-los. Sei disso porque acabo de chegar a Yakutsk, lugar onde os amistosos nativos me alertaram para não usar óculos ao ar livre.








Yakutsk é uma cidade remota na Sibéria Oriental (população: 200 mil), famosa por aparecer no clássico jogo de tabuleiro Risk (versão do War) e por deter a fama de ser a cidade mais fria da Terra. Em Janeiro a média fica em torno de 40ºC negativos. A névoa que cobre a cidade restringe a visibilidade a 10 metros. Moradores, em pesados casacos de pele, passam pela praça central, adornada por uma árvore de Natal congelada e uma estátua de Lênin.







Logo descobri que ali, temperaturas na casa dos 40ºC negativos são tidas como “frio, mas não muito frio” Aqui as pessoas aguardam os ônibus.







Sendo assim, antes de me aventurar pela primeira vez nas ruas de Yakutsk, me encapotei com toda uma mala de roupas. Eis o que estou vestindo: um par de meias de algodão com um par de meias térmicas por cima; um par de botas; ceroulas térmicas; uma calça jeans; uma camiseta térmica; uma camiseta de mangas compridas; um suéter justo de caxemira; um abrigo esportivo; um casaco acolchoado de inverno com capuz; um par de luvas finas de lã (para que eu não exponha a pele quando tirar a luva externa para fazer fotos); um par de luvas de lã; um cachecol de lã; e um boné, também revestido em lã.







A pequena fresta do meu rosto que está exposta registra o ar frio, mas no geral a sensação é boa... Até agradável. Desde que você esteja vestido corretamente, penso eu, não é assim tão ruim. Em poucos minutos, porém, o clima gélido passa a se impor. A pele exposta começa a dar pontadas e depois fica adormecida, o que aparentemente é perigoso, porque significa que o fluxo de sangue para o local parou.







Então o frio penetra pela dupla camada de luvas e congela meus dedos. O boné e o capuz tampouco são páreo para os 43ºC negativos e minhas orelhas começam a pinicar. Em seguida as pernas sucumbem. Finalmente me vejo com dores agudas pelo corpo todo e tenho de voltar a um ambiente fechado. Olho no relógio: fiquei ao ar livre por 13 minutos! Yakutsk é a capital de Yakutia, região que abrange mais de 2.6 milhões de quilômetros quadrados e onde vivem menos de 1 milhão de pessoas. A cidade fica a seis fusos horários de Moscou, mas a viagem leva seis horas num precário avião Tupolev. A passagem custa pelo menos RS 1,8 mil ida e volta, uma enorme quantia num país em que o salário médio é de RS 930 por mês.







Não há ferrovia até Yakutsk. As outras opções são uma viagem de 1,6 mil quilômetros de barco subindo o rio Lena, nos poucos meses do ano em que ele não está congelado, ou então a "estrada dos Ossos", uma rodovia de 2 mil quilômetros construída por prisioneiros do Gulag (o sistema penal soviético).







Em Yakutsk a maioria dos carros é importada do Japão, de segunda mão, que aparentemente, resistem melhor ao frio do que os veículos russos tradicionais. Ainda assim, os moradores costumam deixar o motor funcionando, se vão parar apenas por meia hora. [Photo] E alguns deixam-no ligado o dia inteiro, durante o expediente de trabalho, para garantir uma temperatura minimamente tolerável na volta para casa. A fumaça dos escapamentos contribui para a névoa que paira sobre a cidade.







A região foi inicialmente conquistada pelos russos na década de 1630. No século XIX era usada como prisão aberta para dissidentes políticos. Anton Chekhov, em sua Jornada de 1890 pela Sibéria, pintou um quadro sombrio da vida dos prisioneiros dali. "Eles perderam todo o calor que já tiveram", escreveu. "As únicas coisas que lhes restam na vida são vodca, vagabundas, mais vagabundas, mais vodcas... Não são mais seres humanos, mas bestas.” Lenin e Stalin foram dois dos presos políticos exilados em Yakutsk.







Lenin Square, Yakutsk/Yakutia - Às 17h30 - 40ºC negativos A região é rica em ouro e diamantes, razão pela qual os soviéticos decidiram transformar Yakutsk num importante centro regional, primeiro com o sistema de trabalho forçado do Gulag, depois colonizando a região com milhares de voluntários em busca de aventura, melhores salários e a chance de construir o socialismo no gelo. A mega-empresa Alrosa, responsável por 20% da oferta mundial de diamantes brutos, tem sua sede na região. Com o tempo Yakutsk virou uma cidade de verdade, com hotéis, cinemas, uma ópera, universidades, entrega de pizza e até zoológico.







Apesar de os nativos manterem estoicamente seus afazeres e de crianças brincarem na neve da praça central, percebo que preciso de um táxi para continuar minha exploração. Os 13 minutos que passei ao ar livre me deixaram sem fôlego, praguejando e cheio de dores, o meu rosto tão vermelho que parece que acabo de voltar de uma semana no Caribe. Desabo na cama do hotel e preciso de meia hora para voltar a sentir meu corpo. A parte mais desagradável começa 15 minutos depois, quando as pernas, de volta à temperatura habitual, sentem uma cãibra quente sendo irradiada de dentro para fora, e todo o corpo começa a coçar.





Lenin Square, Yakutsk/Yakutia - Às 17h30 - 40ºC negativos





Vou ao mercado, cheio de gente vendendo peixe, porcos e coração de cavalo. Tudo congelado. “É claro que faz frio, mas você se acostuma.” Diz Nina, uma yakut, que passa oito horas por dia de pé, na sua banca de peixes. Os seres humanos se acostumam com qualquer coisa. Mas, ainda assim, o nível de resistência é difícil de compreender. Os operários continuam trabalhando na construção civil, até os 50ºC negativos. Abaixo disso, o metal se torna quebradiço. As aulas só são suspensas quando o termômetro cai abaixo dos 55ºC. Embora o Jardim de Infância feche com 50ºC negativos.





quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Você sabe como é feita a cocaína?

Sintetizada em 1859, a cocaína tem como origem a planta Erythroxylon coca, um arbusto nativo da Bolívia e do Peru (mas também cultivado em Java e Sri-Lanka), em cuja composição química se encontram os alcalóides Cocaína, Anamil e Truxillina (ou Cocamina ).

Duas variedades da planta dominam o mercado: a huanaco, coca boliviana de folhas ovais e coloração marrom-esverdeada, e a coca peruana, de folhas bem menores e cor verde-clara, que contém muito mais alcalóide do que as plantas que medram na Bolívia. A coca aclimatada em Java, além dos alcalóides comuns às outras variedades possui a atropa cocaína acrescida de quatro glicogénios cristalinos. A droga também pode ser obtida de um arbusto aparentado à Erythroxylon coca - o epadu, que cresce na Amazónia e é utilizado há séculos pelos índios da região.

Na civilização Inca, o uso da folha de coca era controlado pessoalmente pelo imperador. O maior privilégio que um Inca podia obter era conquistar o direito de mascar as folhas de coca, e os nobres costumavam ser sepultados com uma generosa provisão de folhas para abastecê-los no paraíso incaico. Mascadas, as folhas de coca produzem euforia e enorme capacidade de trabalho. Nos altiplanos da Cordilheira dos Andes, o costume de mascar coca persiste até hoje entre os habitantes, ajudando-os a enfrentar os problemas da altitude e os rigores do clima.

A cocaína propriamente dita, ou cocaína hidroclorida, é uma substância branca, amarga e inodora, na forma de cristais ou pó, e que pode ser bebida, aspirada ou injectada. Apesar do curto período de sua existência, a história registra usuários famosos da droga, como Sigmund Freud, o papa Leão XIII e o escritor Conan Doyle, criador do famoso detective Sherlock Holmes, que por sua vez também apreciava a cocaína. Na atualidade, a droga tem seu uso difundido não só entre os astros do cinema, da música e da televisão, mas também vem ganhando consumidores entre executivos e a classe média em geral.

Segundo a revista Veja, no Brasil os usuários típicos têm entre 25 e 40 anos de idade e podem ser publicitários, jornalistas, criadores de moda ou profissionais da área financeira, que exibem comportamento auto-suficiente e elegantemente agressivo. De acordo com a revista Time, o número de consumidores de cocaína nos Estados Unidos aumentou de 15 milhões para 22 milhões, e parece continuar crescendo.

As propriedades primárias da droga bloqueiam a condução de impulsos nas fibras nervosas, quando aplicada externamente, produzindo uma sensação de amortecimento e enregelamento. A droga também é vaso constritora, isto é, contrai os vasos sanguíneos inibindo hemorragias, além de funcionar como anestésico local, sendo este um dos seus usos na medicina.

Ingerida ou aspirada, a cocaína age sobre o sistema nervoso periférico, inibindo a reabsorção, pelos nervos, da norepinefrina (uma substância orgânica semelhante à adrenalina). Assim, ela potencializa os efeitos da estimulação dos nervos. A cocaína é também um estimulante do sistema nervoso central, agindo sobre ele com efeito similar ao das anfetaminas. No cérebro, a droga afecta especialmente as áreas motoras, produzindo agitação intensa. A acção da cocaína no corpo é poderosa porém breve, durando cerca de meia hora, já que a droga é rapidamente metabolizada pelo organismo.

Sua aspiração por período prolongado danifica as mucosas e os tecidos nasais, podendo inclusive causar perfuração do septo. Doses elevadas consumidas regularmente causam sangramento do nariz e corisa persistente, além de palidez, suor frio, convulsões, desmaios e parada respiratória. A quantidade necessária para provocar uma overdose varia de uma pessoa para outra, e a dose fatal vai de 0,2 a 1,5 grama de cocaína pura. A possibilidade de overdose, entretanto, é maior quando a droga é injectada directamente na corrente sanguínea.

O efeito da cocaína pode levar a um aumento de excitabilidade, ansiedade, elevação da pressão sanguínea, náusea e até mesmo alucinações. Um relatório norte-americano afirma que uma característica peculiar da psicose paranóica, resultante do abuso de cocaína, é um tipo de alucinação na qual formigas, insectos ou cobras imaginárias parecem estar caminhando sobre ou sob a pele do cocainómano.

Embora exista controvérsia, alguns afirmam que os únicos perigos médicos do uso da cocaína são as reacções alérgicas fatais e a habilidade da droga em produzir forte dependência psicológica, mas não física. Por ser uma substância de efeito rápido e intenso, a cocaína estimula o usuário a utilizá-la seguidamente para fugir da profunda depressão que se segue após o seu efeito.

A Coca-Cola, um dos refrigerantes mais populares, foi originalmente uma beberagem feita com folhas de coca e vendida como um "extraordinário agente terapêutico para todos os males, desde a melancolia até a insónia". Complicações legais, todavia, fizeram com que a partir de 1906 o refrigerante passasse a utilizar em sua fórmula folhas de coca descocainadas.

Dentre os ingredientes de fabricação da cocaína estão o cimento, soda cáustica, gasolina destilada, amônia, ácido sulfúrico e gasolina fresca como podemos ver no vídeo a seguir: